domingo, 2 de abril de 2017

Árvore tombada

Há mais ou menos trinta anos, vento e chuva forte a derrubaram. Doeu fundo. Havia perdido seu lugar na mata. Passou anos deitada, sem força, sentindo a pedra enorme que era seu novo chão. Em silêncio, sem que ninguém soubesse, percebeu que ainda havia raiz. E não só. Havia raiz e havia água e havia mangue. Havia alimento para seguir vivendo. Os galhos, pequeninos, olharam o sol e decidiram seguir firmes em sua direção. Direções outras, tão diferentes daquela que estava prevista dentro do espaço em que era rainha. Para cima, para os lados. Não importava mais como nem para onde iria crescer, importava agora que seguisse se espalhando pelo novo e sustentando sua raiz. No movimento sutil de seu tempo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário