domingo, 29 de novembro de 2015

A lua e a borboleta

Lua cheia. Eu e ela, sozinhas na noite. Forte, brilhante, intensa, ela olha para mim. Queria ter a força silenciosa da lua.

Borboleta no meu quarto. Como ela foi parar lá? Quero libertá-la. Tenho medo de machucá-la, de me machucar ao machucá-la. Ela me encanta e me assusta. Tento pegá-la. Arranco parte de sua asa. "Eu sou um monstro por querer te libertar", penso e tremo. Ela tenta mas não consegue fugir.

Apago a luz. Quem sabe ela não dorme, ou morre ao meu lado. Mas não, ela quer voar. Insiste em se mexer enquanto tento dormir.

Parece que não conheço outra forma de libertar a borboleta a não ser a ferindo.

Vou ao quarto dos meus pais. Meu pai diz que não sabe como ajudar. Está com sono. "Pegue a borboleta com uma toalha, filha", diz minha mãe.

Abracei a borboleta com a toalha e a libertei pela janela. Teria ela morrido depois de ter sido solta? Não olhei para baixo para checar.

Parte da sua asa ainda está no tapete do meu quarto.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Escrever para recriar encontros

No meio de tanta coisa esquisita acontecendo dentro e fora de mim, tenho escutado palavras maravilhosas em encontros muitos especiais.

Semana passada, a Janaina Peresan, arte-educadora, me disse que acredita na pedagogia do carinho, do acolhimento.


Clarice Niskier, na peça "A alma imoral", diz que cada um tem seu tempo, pra tudo... Em um momento do monólogo, ela faz um intervalo, para repetir trechos que não tenham ficado claros para a plateia.


O Patrício, professor de Educação Física, afirmou hoje que oponentes podem ser parceiros, na medida em que exigem mais de nós. "Os oponentes não precisam ser adversários".


No meio desses encontros, a Priscila-criança que vive dentro de mim me fez um pedido especial:

- Tenho medo da morte desses encontros. De que esse sentimento quentinho desapareça. Podemos nos abraçar e abraçar essas pessoas pra sempre?

E eu digo a ela:

- Prometo que vou tentar. Talvez seja isso o que chamam de memória, né?